Os riscos do COVID 19 para as populações de recente contato
A Associação Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami-Secoya, com larga experiência de trabalho junto ao povo Yanomami de recente contato, vem a público, manifestar suas preocupações e solicitar providências, diante dos enormes riscos e ameaças que representa a pandemia do Corona Vírus para os povos indígenas de pouco contato ou em regime de isolamento voluntário. A história do contato indiscriminado da sociedade nacional com esses povos tem sido desastrosa principalmente por conta da baixa imunidade em relação às diversas infecções respiratórias. Como vimos ocorrer inúmeras vezes, um simples resfriado pode degenerar rapidamente em pneumonia e levar um paciente a óbito em poucos dias, principalmente crianças menores de 5 anos.
Essa realidade traz incertezas em relação às medidas de proteção voltadas para os povos indígenas nessas condições, apesar das diversas iniciativas previstas que vêm sendo tomadas nas últimas semanas, no sentido de preservar ou responder às ameaças que, mais do que nunca, pairam sobre os povos indígenas.
As iniciativas em curso
Em fevereiro 2020, o Ministério da Saúde lançou um Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus (COVID-19)1 em Povos Indígenas. O Plano é orientado para atender três níveis de resposta: Alerta, Perigo Iminente e Emergência em Saúde Pública.
Em 10 de março 2020, a Fundação de Vigilância Sanitária-FVS lançou a Nota Técnica Nº 07-DIPRE-FVS-AM2 com o objetivo de alertar os Gestores, Profissionais, Clientes e Colaboradores sobre a prevenção de COVID 19. Oferecem orientação para a atuação nos locais de trabalho bem como por ocasião da realização de viagens, alertando sobre Plano de Contingência no retorno das viagens com o devido isolamento.
Em 06 de abril 2020, o DSEI-Y elaborou um Plano de Contingência da COVID-193, com a estruturação de um Comité de Gerenciamento de crise-CGC, de núcleos voltados para: a análise do perfil epidemiológico local e identificar as necessidades de saúde de cada polo base e/ou UBSI; coordenar as atividades de capacitação da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena-EMSI; realizar triagem sanitária de funcionários. Além disso, foi montado um esquema de Vigilância Sanitária em relação ao controle dos pontos de entrada na terra indígena, organizado junto com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), com orientação às suas equipes quanto à prevenção e controle a
infecção humana pelo novo coronavírus, distribuindo ainda material informativo
necessário. Os setores logístico, farmacêuticos e as CASAI´s foram orientados para
adaptar sua dinâmica de trabalho e ações no sentido de atender essa nova realidade
de ameaças. Além, disso, um esquema emergencial de comunicação de risco e de
atendimento emergencial foi elaborado podendo contar com o apoio de diversas
instituições parceiras.
Em relação aos povos de pouco contato ou isolamento voluntário, estabeleceuse
os limites de cordões sanitários com a participação de representantes indígenas
incumbidos do controle das entradas e saídas de qualquer pessoa nesses limites. Há
ainda a preocupação de realizar a vacinação antecipada da Influenza, penta valente e
Pneumocócica 10v e 23v, tanto para a EMSI quanto para os próprios indígenas.
Confira o posicionamento completo:
Komentarze